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terça-feira, abril 13, 2010

Em lagrimas

No dia a seguir era so fruta no chao..
Nao sei precisar o ano, sei que á distancia do predio ao lado do meu nao podia ficar depois da meia noite. Talvez 1995, uma festa de anos que ficou marcada como daquelas historias que sempre se contam. Pela quantidade de pessoas que juntou e nao sei mais porque razoes. A nao ser a fruta. A senhora mae do aniversariante tinha comida para todos como é costume nas festas de anos dos putos. Havia uma grande quantidade de salada de fruta. Coisa que eu nao amo nada e como muita que havia, muita era oferecida pela senhora, no seu inconfundivel estilo. Desde que sou gente que me lembro da senhora, surda. Quis o destino que assim ficasse e entao o seu estilo de falar e cumprimentar as pessoas na rua era inigualavel. Sempre com um sorriso e com um ola surdo. O seu ola era retribuido por mim, pausado para ela compreender. Falava eu da fruta, era muita. E era oferecida pela senhora a todos nos que la estavamos. ''Comam, senao vai se estragar'' - Havia quem nao quisesse mas teria de comer na mesma e aconteceu a toda a gente nao ter acabado a primeira taça e a senhora trazia mais. Dissemos que nao queriamos mais mas ela no seu inigualavel estilo sorridente e surdo oferecia. Com a timidez de crianças e as dificuldades de comunicaçao la acabavamos com salada de fruta vezes dois. Eu, recentemente operado, temi pela minha cicatriz fresca de 24horas. ''Vai me sair fruta pela costura pensei.'' A minha soluçao e a de todos os outros foi começar a deitar fruta pela janela. Foi o que fizemos e no dia a seguir no parque por baixo duma janela onde houve uma festa de anos na noite anterior notava se bem a fruta no chao.

Foi a primeira coisa que me lembrei quando me disseram que a senhora morreu de cancro aos 50 anos, diagnosticado á 6 meses. Depois de dar uma tipica resposta á minha mae para mostrar que sou um grande robocop dos sentimentos ''Acontece..'' Quem é que responde isto? 

Morreu, a unica pessoa simpatica duma familia de quatro onde três eram categoricas bestas. Um abre olhos para tratarmos bem os nossos pois nunca sabemos o que pode acontecer E depois a ultima memoria que temos é a culpa de ter atirado a fruta pela janela que tao generosamente nos era oferecida.